Citroën DS: um veículo revolucionário
De Paris ao resto do mundo, ninguém ficou indiferente ao Citroën DS. Conheça as razões por detrás do fascínio em torno do “boca de sapo".
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Considerado um carro avant-gard, o Citroën DS foi um projeto de grande inovação tecnológica no qual foram inseridas novas componentes como um sistema hidráulico na suspensão do carro para permitir um sistema de auto-nivelamento. Esta particularidade permitiu uma maior aderência aos diferentes tipos de piso da estrada, o que proporcionou maior qualidade de deslocação aos seus condutores. Trocando isto por miúdos, a viatura tinha uma suspensão que permitia ao condutor baixar ou subir a altura do carro em relação à estrada. Para além disso, os faróis movimentam-se de acordo com a direção do volante e a buzina possui dois sons diferentes que pode utilizar mediante o local onde se encontra (cidade ou estrada). Incrível não é?
A fama do menino-prodígio da Citroën chegou além fronteiras e não deixou ninguém indiferente. Foi considerado o carro mais bonito de todos os tempos pela revista Car Classic & Sports e participou no filme Scarface com Al Pacino. Para além destes factos enaltecerem a sua reputação, o que teve mais impacto na imagem do “boca de sapo” foi o episódio da tentativa de assassinato de Charles de Gaulle. O Presidente ia abordo de um DS quando o veículo, não blindado, foi baleado e, mesmo assim, continuou a circular a grande velocidade permitindo a Gaulle fugir do local.
A Deusa, nome resultante da pronunciação em francês “Déesse”, foi um marco importante na reconstrução da identidade francesa no período pós guerra mundial. Contribuiu para a relevância tecnológica da França no clima de Guerra-fria e criou os alicerces para o crescimento da Citroën a nível internacional.
O "Boca de Sapo" em Portugal
O “boca de sapo” era produzido em Portugal na unidade da Citroën em Mangualde e algumas versões do automóvel são precisamente conhecidas pelo nome da localidade. A relação próxima do nosso país com o DS começou na presidência que o consagrou como o carro oficial dos (na altura) chefes de estado. O seu carácter eclético, associado às elites sociais fez com existisse a necessidade de produzir uma gama mais luxuosa para poder responder ao estatuto das personalidades que dele usufruíam. Preto, revestido a couro, com um vidro de baixar que separa o condutor do banco traseiro… Assim é apresentada a gama DS Prestige. Equipado com um intercomunicador para comunicar com o condutor, auto-rádio e telefone, esta versão do veículo foi especialmente criada a pensar nas elites.
O Conselho de Ministros de Portugal também se rendeu ao modelo Prestige e o próprio Marcelo Caetano adotou-o como o seu meio de locomoção. Aquando da Revolução de Abril o veículo de Marcelo encontrava-se nas instalações da Citroën por motivos técnicos e lá permaneceu durante o golpe de estado. Hoje pertence a um dos milhares de admiradores que colecionam o modelo.
Passado um ano do fim da ditadura em Portugal, a Citroën dita o fim do modelo DS. Em Abril de 1975 é fabricado o último “boca de sapo” e encerra-se, deste modo, um dos capítulos mais gloriosos e inovadores da história da marca e da história do automóvel. Apesar de ser o fim da produção de uma máquina insubstituível, o seu legado continua vivo através dos exemplares dos seus, mais do que muitos, admiradores.
O Citroën DS despertou paixões que se estenderam até aos dias de hoje. É um estilo de vida para os apaixonados pelo modelo, símbolo da industrialização francesa para o mundo e um hino da Citroën para o mercado automóvel.